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Friday, January 27, 2006

Troca de papéis


‘Mas eu não posso’.'E quem disse que eu quero saber se você pode ou não?' Ah, o seu jeito...

Foi me dando, de repente, vontade de trocar os papéis, pelo menos uma vez. Jamais pensei que tomaria gosto. Não, nem de longe me ocorria enfiar alguma coisa em você, nem o mindinho que estava sempre tinindo por causa da tão perfeita, francesinha.

Porra, eu sempre fiz, eu sempre fazia tudo. Virava o rosto, emburrava por alguns minutos, empurrava, relutava, fingia pra mim mesma e para você que não que te queria só para afinal eu te querer muito mais do que você me queria no início de todo o 'processo'.

E eu repugnava aquilo tudo da mesma forma que eu me extasiava, talvez por causa de minha indulgência. Desconfio que eu gostava mesmo da submissão que exercia sobre mim, me deixando a ponto de quase, rastejar. Nunca fui capaz de negar um momento indecente sequer, uma escada, qualquer uma, supermercado e até praça pública em horário nobre. Jurava pra você que nunca faria isso, senão pela obrigação a qual me impunha. Quase me estuprando. Eu dizia que odiava toda aquela tensão. Mentira. Eu amava. Puro, puríssimo tesão.

Mentirosa e dissimulada.

Então tive um estalo. Eu ia mudar todo o rumo da sacanagem. Eu iria te comer nos momentos mais inapropriados, pouco me importando se você poderia, se você gostaria ou se haveria uma, digamos, 'condição favorável'. Sem avisar, comecei aparecer no seu trabalho. Pedia licença, com uma cara tão seriamente convincente, e entrava na sua sala. Fechava a porta e sentava, eu tapava sua boca com a minha mão, que não apenas uma vez, chegou a sangrar. Para variar, comecei a usar o mesmo estacionamento e ficava no meu carro, esperando, até que você aparecesse. Geralmente, você parecia muitíssimo surpreso e até assustado. 'Criei um monstro'. Que bom te ver - dizia - mas estou super atrasado. Foda-se, eu diria. E ali, também, perderia a compostura e te obrigaria a 'fazer'. Da última vez, liguei chorando, 'preciso conversar com você, querem me transferir para outra cidade, estou desesperada'. Fica calma, me encontra, vamos almoçar – propôs tão compreensivo. Almocei você, manchei sua camisa tão branca com meu sangue tão vermelho, lá no 11º andar daquele prédio com quê de mal assombrado no centro velho de São Paulo, onde você trabalhava. Se eu estava machucada? Não, era o cio mesmo; além do exercício fútil do poder e do prazer. Você que parecia tão apavorado e ainda assim, agia de igual forma eu fizera no passado nada distante: nunca, nunca dizia não. Simila similibus curantur.