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Thursday, April 10, 2008

tic tac tic tac


Já era sexta feira e eu iria embora no dia seguinte, tipo umas 15h00. Quando falei com uma garota do trabalho que queria ir na Blondie, ela me disse para não ir. Foi assim que tive certeza que eu TINHA de ir. Era a dica de uma amiga que tinha estado lá há pouco e definiu o lugar como uma ALoca 3 vezes maior. Saímos do hotel umas 21h00, fizemos o esquenta num bar muito legal no Barrio Brasil, mesinha na calçada, vendo o povo passar. Na mesma rua avistamos um letreiro Blondie, quando chegamos lá, não era a Blondie, mas sim, o bar de la Blondie... o cara muito simpático nos deu as coordenadas, pegamos um taxi e em 5 min estávamos num centro abandonado, meio frio e nada de Blondie. Um pessoal conversava mais atrás e fomos em direção a eles, que estavam justamente na entrada de uma galeria que levaria ao club. Um lugar enooooorme, muita escada e até então meio vazio. Grande mesmo, retrô e fora de moda. De uma das pistas, se você olhasse para cima, veria um poster lindíssimo da Paris Hilton. Na outra pista, no telão, cantava uma linda e loira Debbie Harry. Fomos ao bar e quando voltamos para a pista, começou tocar uma das músicas que eu mais gosto e ouço com doentia frequencia: Babies do Pulp. Comoção. O lugar começou a encher e a música dessa pistona começou a avacalhar muito e fomos para outra pista, cuja proposta era voltada para goth e anos 80. Dead or Alive rolando e todo mundo dançando. Um menino com cara de bonzinho começa a dançar conosco e quando ameaço pegar um cigarro, o menino bonzinho me oferece os dele. Gentil seria se o pacote nao estivesse VAZIO. Ele ficou sem graça, mas até aí tudo bem, gente nova e gentil por perto, nao importava que fosse um pouco feminino, era engraçadinho. Achei que era gay. Só que a atitude dele as vezes traía essa minha quase convicção e perguntei quantos anos ele tinha. Nada elegante. Tengo 20. 20???? Ele corrigiu, tinha 19 e IRIA fazer 20, mas idade não importa e bla bla bla. Rindo, eu disse que importava sim, que além de eu ter 34 anos, era casada. Esse menininho, bonitinho, 80% indie e 20% emo me perseguiu praticamente a noite toda e de legalzinho se transformou rapidamente em alguém irritante. Fugi. Aconteceu tanta coisa engraçada e totalmente fora do contexto, o que fez com que as horas voassem e a gente perdesse totalmente a noção do tempo. Muita ceveja no esquenta e muita vodka com gelo gerou uma confusão mental compleza em realação a situação em que estávamos. Rimos tanto, até doer as bochechas, a gente corria de uma pista a outra quando a música ficava muito ruim e de repente me vi sozinha, perdida dos amigos, mas mantendo a pose: ok, numa boa, o passaporte está comigo e eu ainda tinha algum dinheiro. Esperando que algum deles pelo menos aparecesse no bar, um cara muito bonito começa a conversar comigo. Já não entendo quase nada, só dou risada e digo que si, si, si. Aí o papo de idade de novo, partindo de mim, de novo. Ele tinha 24 anos. E não são os lugares que agora passaram a ser frequentados por gente por muito nova, óbvia é a constatação que sou eu é que estou ficando velha e não estou me adequando mais. Tudo bem, sem traumas. Mas é que - tipo 14 anos, 10 anos mais velha que os carinhas foi foda. Daí que este cara pensou que um dos meus amigos era mi novio e foi engraçado e queriam nos dar carona. E a gente dizendo que não. E entramos no taxi correndo, parecia que fugíamos de alguém, e um Corolla seguindo a gente. E o povo começa a discutir e chorar (!!!) no taxi, crise existencial, lavação de roupa suja que só é possível de se fazer depois de determinada quantidade alcoolica ingerida... e chegamos no hotel e não tínhamos toda a grana pro taxi, muita moeda, pouca soma, faltam 2000 pesos, que nem é muito, mas todo mundo tá bebado e só pensamos em 2000 em REAIS. Caralho. O taxista diz 'no hay problema' e agradecemos. Sem graça, descemos do taxi cambaleando, cruzamos o lobby muitíssimo elegante do InterContinental, com o staff e outros hóspedes tentando não olhar pra gente. Que horas? Quase 7 da manhã. Acordei quase 11h00, com a mala para fazer, banho para tomar, com a garganta podre e quase perdi o vôo. Mrs. Oliveira, last call. Última a embarcar, me achando muito moderna e adolescente-inconsequente, de efeito retardado, claro. Realizando que 34 são afinal 3 décadas e meia. Eu não tenho mais idade. Eu não tenho mais idade.