O tempo muda uma série de coisas. Na verdade o tempo muda tudo e talvez por isso ela não gostasse de pensar a respeito. Por exemplo, não sabia a idade de sua mãe, porque tinha um problema real com o ciclo de vida. Pensava: 'nossa ela já não é mais nova e...' era desconfortável para ela o clichê 'nada é para sempre'. E teve a chance de conhecer gente incrível, incrível no sentido de incomparável, único, duradouro e consistente. Infelizmente ou não, sendo mais filha da puta mesmo, felizmente, concluiu que era tudo ilusão de ótica e da mesma forma que os incríveis vieram, se foram. Não sentia falta deles.
Talvez tivesse feito diferente. Não tinha certeza. Mas era desconcertante afinal chegar a conclusão de que nem era tudo isso, que de fato muita coisa não é o que parece ser. E odiava a cara dele enquanto estava por cima de dela, fazendo você sabe o que. Odiava a cara que ele fazia e por isso fechava os olhos. Ok, ele beijava bem pra caralho. Mas quantas vezes deu o free pass para o paraíso? Dizia que umas duas, at most. Average, average, average. Se fosse boazinha, olharia pelo lado romântico e talvez se sentisse decepcionada, mas como era maldita e só gostava do perigo, levou assim mesmo muita vantagem e acumulou algumas estórias, satisfeita. As vezes trai a si mesma pensando 'que bosta não sentir mais a falta dele...' vai ver, é meio paradoxa.