E sempre que me apaixonava, dizia que era pra valer, que nunca tinha acontecido nada igual antes, sol em conjunção com a lua, olhos brilhando, taquicardia e eu queria mais. mais aquele cara, mais vezes, toda hora, só ele, mais ninguém, para mim, para sempre, nunca mais outra pessoa e o caralho a quatro. muito extrema, muito louca. muito apaixonada. toda vez a mesma lenga-lenga. na verdade me apaixonava muitas vezes e toda hora. eu não conseguia evitar que o momento único acontecesse -com frequência. só fechava meus olhos para que a tinta vermelha não me cegasse quando fosse derramada sobre a gente. e eu vivia feliz, vivendo muito, amando muito, fodendo muito com o pensamento fixo dessa coisa de que a vida era um lance muito doido mesmo e valia a pena e eu não me preocupava com nada a não ser com nós dois. muito egoísta entre quatro paredes, muito dada entre às nossas quatro paredes. eu, você. as vezes, sentia mesmo pena daqueles que diziam nunca terem se apaixonado, noutras eu me achava incrivelmente superior e os encarava com desprezo, como se fossem uns fracassados, incapazes de fomentar esse desejo louco que é o de se desejar e ser desejada por alguem tão intensamente. depois de um tempo, ao contrário deles, dos fracassados, eu já não aguentava mais tudo isso, a euforia, a novidade. tudo muito tedioso, vontade de mandar ir embora com a condição de não voltar mais.
Tão inerente quanto aderente, estava em mim essa doença, que mesmo ignorando-a, eu continuava sem saber como impedir o momento piegas de sua concepção. não era possível remover o vírus e ainda que fosse, as técnicas seriam tão complexas que não poderiam aqui ser descritas.
Tão inerente quanto aderente, estava em mim essa doença, que mesmo ignorando-a, eu continuava sem saber como impedir o momento piegas de sua concepção. não era possível remover o vírus e ainda que fosse, as técnicas seriam tão complexas que não poderiam aqui ser descritas.